Piaget acredita que existem, no desenvolvimento humano, diferentes momentos: um pensamento, uma maneira de calcular, uma certa conclusão, podem parecer absolutamente corretos em um determinado período de desenvolvimento e absurdos num outro. As etapas de desenvolvimento do pensamento são, ao mesmo tempo, contínuas e descontínuas. Elas são contínuas porque sempre se apóiam na anterir, incorporando-a e transformando-a. Fala-se em descontinuidade no desenvolvimento, por outro lado, porque cada nova etapa não é mero prolongamento da que lhe antecedeu: transformações qualitativas radicais ocorrem no modo de pensar das crianças. As etapas de desenvolvimento encontram-se, assim, funcionamente relacionadas dentro de um mesmo processo.
Deve-se, ainda observar que as faixas atárias previstas para cada atapa não são rigidamente marcadas, ao contrário, elas se referem apenas às médias de idade onde prevalecem construções de pensamento. Nesse sentido, o modelo piagetiano é fortemente marcado pela maturação, pois atribui-se a ela o fato de crianças apresentarem sempre determinadas características psicológicas em uma faixa de idade. Tal modelo pretende, por isso ser universal.
Não obstante, Piaget reconhece que, a despeito de preponderar em determinadas faixas etárias uma forma específica de pensar e atuar sobre o mundo, podem existir atrasos ou avanços individuais em relação à norma do grupo. Essa variação pode ser devida, em grande parte, à natureza do ambiente em que as crianças vivem. Contextos que colocam desafios às crianças são potencialmente mais estimulantes para o desenvolvimento cognitivo.
As diferentes etapas cognitivas apresentam, portanto, características próprias e cada uma delas constitui um determinado tipo de equilíbrio. Ao longo do desenvolvimento mental, passa-se de uma etapa para outra etapa, buscando um novo e mais completo equilíbrio que depende, entretanto, das construções passadas.
Não é possível passar, por exemplo da etapa sensoriomotora para a operatório-concreta, "pulando" a pré-operatória. A sequência das etapas é sempre invariável, muito embora, a época em que as mesmas são alcançadas possa não ser sempre a mesma para todas as crianças. De igual modo, as etapas do desenvolvimento cognitivo não são reversíveis: ao se construir uma determinada capacidade mental, não mais é possível perdê-la.
Trabalho com 3ª série(4ºano), faixa etária de 8 a 11 anos de idade, que se encontram no estágio operatório-concreto. Nesta etapa o pensamento lógico, objetivo, adquiri preponderância. Ao logo dela, as ações interiorizadas vão-se tornando cada vez mais reversíveis e, portanto, móveis e flexíveis. O pensamento se torna menos egocêntrico, menos centrado no sujeito. A criança é capaz de construir um conhecimento mas compatível com o mundo que a rodeia. O real e o fantástico não mais se misturarão em sua percepção.
O pensamento operatório é denomidado concreto porque a criança só consegue pensar corretamente se os exemplos ou materiais que ela utiliza para apoiar seu pensamento existem mesmo e podem ser observados. A criança não consegue ainda pensar obstratamente, apenas com base em proposições e enunciados.
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