21 abril, 2010

MUDANDO PARADIGMAS


"(...) ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção"(Freire (1996, p.52).
Inicio minha reflexão com estas palavras de Paulo Freire, por acreditar e vivenciar isso a cada dia que passa no estágio.
Na primeira semana falamos e realizamos atividades sobre alguma dimensões do tema Tempo e, em todas as áreas que o tema foi abordado houve uma grande preocupação em relacioná-lo com o cotidiano dos alunos.
Um fato que me chamou atenção foi quando desafiei os alunos a resolver problemas que não estavam, diretamente, relacionados com o seu cotidiano. Enquanto alguns alunos relacionaram de imediato o problema com seus conhecimentos preexistentes; conseguindo dessa forma chegar ao resultado, outros não chegavam a lugar algum, pois não entenderam a proposta da questão. Neste último caso minha intervenção foi a de instigar estes alunos a relacionar o problema proposto com alguma situação do seu cotidiano.
Estas observações, só reforçam o que eu já acreditava, que a aprendizagem se dá quando é possível estabelecer uma relação entre os conhecimentos preexistentes e a nova informação que lhe é apresentada. Ou seja, a aprendizagem deve ser trabalhada de forma que os alunos estabeleçam uma relação entre os conhecimentos adquiridos, na vida cotidiana e o conhecimento científico apresentado neste contexto.
Durante a primeira semana de estágio houve muito diálogo, entre eu e os alunos; entre eles mesmos e também, entre eles e seus familiares. Esta interação teve um papel fundamental para a prendizagem, pois para os alunos trocar idéias sobre o seu cotidiano e, também do seu passado, é muito significativo, diríamos que é a concretude do conhecimento, a representação de um objeto pelo pensamento.
Apesar de ter incluído no meu projeto alguns conteúdos curriculares, procurei dar mais ênfase para a temática do projeto, com reflexões dos alunos; questionamentos e trocas de saberes, pois acredito que não basta uma boa explicação usando o quadro; o retroprojetor; as novas tecnologias, fazendo uso desses recursos para desenvolver a atenção e a memória através da repetição.
Acredito que os questionamentos, que para alguns professores são desnecessários, não são perda de tempo, ao contrário, é uma forma de proporcionar aos alunos a elaboração de conceitos que nada mais é que a síntese do conhecimento que o aluno construiu, a formulação da idéia do aluno.
Os conteúdos não devem ser trabalhados como um fim em si mesmo, mas como meio.
É grande a minha satisfação de saber que estou no caminho certo, porém sei que não é fácil, pois nesta nova proposta precisamos mudar de atitude, mudar de postura. Além disso, temos uma tradição empirista e tecnicista que foi base na nossa trajetória escolar e também em parte de nossa formação profissional. Mudar de postura exige um grande esforço, precisamos nos vigiar a todo instante para não cairmos em vícios ainda que dentro de uma estrutura nova e com recursos novos ao nosso dispor.

1 comentário:

Beatriz disse...

Su, adorei tua reflexão, onde a necessidade de interação é o mote principla do teu trabalho. De fato, estás na linha piagetiana, onde a interação com os outors e com os objetos a serem conhecidos é que permite a aprendizagem. Muito nem teres privilegiado a interrelação entre todos. Quem sabe esse tipo de ação não abrirá para uma integração entre todos, orjando um clima cooperativo e amigo.
Um abração e parabéns
Bea